SUS perde Gilson Carvalho
Faleceu nesta quinta-feira (03) o Médico Pediatra e Especialista em Financiamento de Saúde Gilson Carvalho. O velório será realizado na Câmara Municipal de São José dos Campos, em São Paulo.
Gilson nasceu na cidade de Aracajú (SE), no ano de 1946, mas cresceu em Campanha (MG), local que considerava sua cidade natal, de acordo com suas declarações nos mais diversos artigos que escreveu. O Médico era formado pela Escola Federal de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e Doutor em Saúde Pública, pela USP, tornando-se ainda especialista em Pediatria e Administração Hospitalar.
Entre os lugares que deixou um pouco de sua experiência na Medicina, Carvalho passou pela cidade Alfenas (MG), Jacareí e São José dos Campos. Servindo a área pública, ele atuou como diretor estadual da Vigilância Epidemiológica da RMVale. Pelo Governo Federal, foi Secretário Nacional de Assistência à Saúde, diretor de Departamento do SUS e de Controle de Avaliação do Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social).
Em setembro de 2013, Gilson participou do debate ‘Para onde vai o SUS?’ na Escola Nacional de Saúde Pública – Ensp/Fiocruz. A mesa-redonda, que também contou com a presença da pesquisadora de economia da saúde do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Iesc/UFRJ) Ligia Bahia, foi realizada no âmbito das comemorações dos 59 anos da ENSP.
A fala de Gilson Carvalho também foi permeada por questionamentos sobre o futuro do SUS. Segundo ele, essa resposta depende de como serão enfrentados os desafios que são postos na atualidade; e eles não são poucos. “Envolvem questões práticas, e os profissionais da ponta do serviço nem sempre tem tempo para refletir”, comentou ele perguntando: “Cadê vocês? O que os intelectuais da academia estão fazendo para ajudar os profissionais da prática, amarrados com o cotidiano? Vocês precisam nos ajudar a construir o SUS!”, apontou.
Gilson criticou ainda o mix de serviços público e privado. Ele destacou que, “o SUS permite que toda vez que ele não for suficiente se busque o privado para complementá-lo, mas não para substituí-lo, como vem ocorrendo. Há uma promiscuidade nessa relação. Há um movimento mundial de terceirização, inclusive temos terceirizado com muita facilidade as responsabilidades, as culpas e, consequentemente, as soluções”.
Entre os desafios contemporâneos da saúde que precisam ser enfrentados, o médico citou as relações entre os princípios da universalidade e da integralidade que garantiriam o ‘tudo para todos’, sendo essa a conjugação máxima da constituição da lei de saúde; os serviços próprios e privados; quantidade e qualidade de médicos; modelos a serem trabalhados; a eficiência gerencial e operacional; e a participação das pessoas nas áreas propositiva e controladora. “Eu defendo a integralidade regulada”, disse Gilson. Segundo ele, precisamos de regras, da regulação. Essa é uma função nobre do sistema único de saúde. “Não podemos achar que desenfreadamente vamos ficar na mão dos que levam vantagem”, ressaltou’.
Fonte: Abrasco
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