Celulites e estrias podem ser evitadas com boa alimentação
As celulites e as estrias vêm logo após a gordura localizada na lista das principais preocupações estéticas femininas. As primeiras causam ondulações que deixam um aspecto de pele com furos, e as segundas apresentam-se sob a forma de riscos brancos ou avermelhados parecidos com cicatrizes.
Apesar de acometerem também os homens (apenas em casos raros de sobrepeso), essas dermatoses incomodam mais as mulheres, já que surgem em regiões mais expostas, como coxas, nádegas, abdômen e braços. Em alguns casos, as estrias aparecem, também, nas mamas e na região lombar.
As estrias surgem quando as fibras de colágeno, responsáveis pela firmeza e elasticidade da pele, rompem-se e acabam formando cicatrizes. Por isso, na fase de crescimento, gravidez ou quando o indivíduo engorda e emagrece diversas vezes (o chamado efeito sanfona), a pele sofre estiramento rápido e não consegue adaptar-se à nova forma, o que provoca a ruptura de algumas fibras.
Já as celulites aparecem por conta de uma alteração no tecido gorduroso da pele, causada por toxinas que não são drenadas corretamente pelo corpo e acabam acumuladas na corrente sanguínea. Tais toxinas, provenientes de alimentos gordurosos, somadas a problemas circulatórios, fazem com que o sangue fique viscoso e não circule adequadamente, comprimindo células nervosas e afetando o tecido subcutâneo. O corpo entende que está ocorrendo um processo inflamatório e responde produzindo colágeno para tentar conter a suposta inflamação. O problema é que o excesso de colágeno, somado à falta de circulação e ao sangue viscoso, acaba criando nódulos, que fazem surgir as ondulações. Alterações hormonais e estresse também deflagram o aparecimento do problema.
Dr. Adilson Costa, dermatologista membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), afirma que tanto a celulite quanto as estrias apresentam influência genético-familiar importante. “As dermatoses são regidas em boa parte pelos genes; portanto, todas as vezes que essas mulheres [com predisposição genética] são expostas a fatores agravantes, como aumento de peso, tabagismo, sedentarismo, estresse, consumo excessivo de sal, etc., há o aparecimento de dermatoses. Uma boa opção para evitar que elas se manifestem é controlar o peso por meio de uma dieta hipocalórica associada a exercícios físicos e à adoção de hábitos saudáveis, como não ser sedentário, não fumar nem exagerar no consumo de bebidas alcoólicas”.
Alimentação saudável, corpo lisinho
Apesar de haver inúmeros recursos estéticos capazes de amenizar as dermatoses, eles sozinhos não promovem resultados permanentes.
A nutricionista Madalena Vallinoti, diretora do Sinesp (Sindicato dos Nutricionistas), compartilha a opinião de Dr. Costa e alerta: “Comer mais que o necessário e exagerar no consumo de gorduras e carboidratos simples (açúcares e doces) aumentam a síntese e o armazenamento de gorduras, favorecendo o surgimento da celulite. Da mesma forma, o efeito sanfona é, em grande parte, o responsável pela ocorrência de estrias. “Tomar pouca água e abusar do sal são hábitos que também dificultam a troca de líquidos no organismo, favorecendo a retenção de resíduos tóxicos e provocando os dois problemas.”
Por isso, evite alimentos fritos, enlatados, processados ou refinados. “Eles contêm aditivos, conservantes, corantes e substâncias artificiais que, além de dificultarem a digestão e conterem alta quantidade de açúcares e gorduras, aumentam a quantidade de toxinas na corrente sanguínea. Os alimentos crus, integrais ou cozidos a vapor são mais bem digeridos e assimilados, além de possuírem maior teor de nutrientes e menos compostos tóxicos”, afirma Madalena Vallinoti.
A celulite de grau leve a grave
A aparência da celulite pode piorar se ela não for tratada logo no início, tornando mais difícil combatê-la. A evolução da celulite passa por quatro estágios:
Grau 1: Leve – A celulite é interna, não é vista nem sentida e só aparece caso a pele seja apertada com força. É nesse grau que os vasos estão suscetíveis à ação inflamatória e as toxinas começam a se acumular.
Grau 2: Visível – Nesse estágio não é preciso mais comprimir a pele para notar as marcas. Seu aspecto é acolchoado, porque o sistema linfático está mais comprometido. Ao apertar a pele, ela fica amarelada por conta do acúmulo de líquidos.
Grau 3: Intensa – A superfície da pele passa a ter aspecto de gomos visíveis; os nódulos começam a aparecer e ser sentidos com o toque. Como a pele já está mal nutrida, pode haver desidratação dos tecidos. A textura torna-se áspera, os poros ficam dilatados e surgem microvarizes. É a partir desse estágio que começam os primeiros sinais de dor e o inchaço fica bem evidente.
Grau 4: Grave – A celulite se torna visível até mesmo através das roupas. As fibras que constituem a musculatura formam nós e as células de gordura agrupam-se de tal forma que formam nódulos maiores, prejudicando a circulação. Os nervos podem ser comprimidos, o que faz a região ficar endurecida e dolorida. Com a circulação comprometida, fica difícil eliminar as toxinas, o que agrava ainda mais a celulite.
Tipos de estrias
Existem apenas dois tipos de estrias: as rubras (avermelhadas) e as albas (esbranquiçadas).
“As rubras são as mais novas e têm essa coloração porque ainda existe um conjunto de vasos sanguíneos (vascularização) adequado na área”, explica Dr. Costa. Se forem tratadas rapidamente, podem desaparecer, já que existem nutrientes suficientes para a completa regeneração da fibra.
Caso não sejam tratadas, evoluem para albas, que são mais profundas, não são vascularizadas e têm aparência de pele envelhecida. Nesses casos, só é possível recuperar aproximadamente 70% da pele atingida.
Mitos e verdades
Há muitas histórias que tentam justificar o surgimento das estrias e celulite, mas nem todas são verdadeiras. Uma das mais conhecidas associa o surgimento da celulite ao consumo de bebidas gaseificadas. No entanto, esse conceito não tem fundamento científico. O que causa o problema não são as bolhas do gás, e sim os açúcares que fazem parte de muitas bebidas gaseificadas, como os refrigerantes.
As roupas justas, que também são alvo de discussão, não causam celulite, mas contribuem para a piora do quadro, já que comprimem os vasos e interferem na circulação já comprometida.
A celulite não é exclusividade de pessoas que estão acima do peso. As mais esbeltas também podem apresentar o problema, pois a herança genética é um fator de risco muito importante. Sem contar que o baixo peso não é sinônimo de boa alimentação: é possível ser magra e seguir uma dieta inadequada.
Por último, tomar sol e manter a pele bronzeada não ajudam a esconder as estrias, como muita gente pensa. No caso das albas, o bronzeamento ainda acaba salientando as marcas.
Tratamentos
Cerca de 60% das brasileiras sofrem com as estrias e quase 90% têm celulite. O mercado de produtos estéticos apresenta bastantes opções que, associadas às mudanças de hábitos, podem ser úteis para amenizar as dermatoses. Fora os cremes e óleos (principalmente o de amêndoa), há procedimentos estéticos mais incisivos e que podem apresentar resultado mais rapidamente, como aplicação de ácidos e uso de laser.
Mas é preciso cautela na hora de escolher o produto e o profissional que irá realizar as aplicações. Dè preferência a um dermatologista.
Veja abaixo como funcionam as principais alternativas e suas contraindicações.
1) Para celulite
Como geralmente ela está relacionada a problemas de circulação, os tratamentos visam melhorar o funcionamento dos sistemas linfático e circulatório.
Drenagem linfática e massagem modeladora: Ambas são técnicas de massagens que ajudam a melhorar a circulação, buscando eliminar líquidos e toxinas acumulados nos tecidos. Além disso, as massagens rompem os pequenos nódulos de gordura. Pessoas com histórico de tumor maligno, trombose e tuberculose não podem se submeter a esse procedimento.
Carboxiterapia: Faz uso de aplicações subcutâneas de dióxido de carbono, a fim de melhorar a circulação e a oxigenação dos tecidos. Estimula também a formação de colágeno e de novas fibras elásticas, portanto pode ser usada no tratamento de estrias. Esse procedimento não pode ser realizado em mulheres grávidas, pessoas com hipertensão ou que tenham problemas no coração ou pulmão.
Radiofrequência: Utiliza a energia de radiofrequência para emitir calor, que penetra nas camadas mais profundas da pele, auxiliando na quebra de gordura e estimulando a produção de fibras. Essa terapia é contraindicada para pessoas com câncer, que possuem marcapasso, implantes metálicos ou prótese de silicone no local.
2) Para estrias
Como essa dermatose está relacionada ao rompimento de fibras, os tratamentos se concentram na reposição de colágeno para recompor o tecido.
Ácidos: A aplicação de ácidos retinoico, glicólico e ascórbico no local da estria ajuda na produção de colágeno. Como os ácidos são componentes extremamente irritantes, é necessário uma avaliação médica para verificar se seu uso é ou não recomendado. Mulheres grávidas não devem, em hipótese nenhuma, ser submetidas a essa técnica.
Dermoabrasão: É um tratamento de lixamento com ponteiras de diamantes. A pele sofre escoriações e, no processo de regeneração tecidual, o organismo cria mecanismos de defesa que estimulam a criação de fibras colágenas, recompondo o tecido afetado pelas estrias. Esse tratamento não é indicado para pessoas com propensão a desenvolver cicatrizes hipertróficas e queloides.
Tratamento a laser: São efetuados disparos de laser em cima das marcas para ajudar na regeneração tecidual e cicatrização do tecido que perdeu as fibras. Pessoas com lúpus ou problemas de coagulação não podem fazer esse tratamento.
Fonte: Site Dr.Dráuzio Varella
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