Óleo de coco emagrece e faz bem à saúde. Mito ou verdade?

Foto: Corbis

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O óleo de coco extra virgem é uma das substâncias mais procuradas para quem busca emagrecimento mais “saudável”, mas fique atento, pois as opiniões variam sobre o tema e segundo a Dra Luciana Spina, Médica Endocrinologista com Doutorado e Mestrado em Endocrinologia pela UFRJ, o resultado da ingestão desse complemento alimentar pode ter efeito inverso ao esperado.

O óleo de coco é um produto que deriva da espécie cocos nuciferas (essa espécie de coco é da família das palmeiras, é a única classificada no gênero de cocos, sua origem é do nordeste da América do Sul). Esse óleo vegetal, conhecido também como manteiga de coco, não é submetido ao processo de refinamento e desodorização, sendo extraído a partir da polpa do coco fresco e maduro por processos físicos.

São inúmeras as promessas vinculadas ao uso contínuo do produto: emagrecedor “natural”, reduzir as taxas dos triglicerídeos e do mau colesterol (LDL), além do aumento do bom colesterol. Assim, ele é facilmente encontrado em farmácias e lojas de produtos naturais, com preço que pode variar entre R$ 25,00 e 108,00 – por sessenta cápsulas – ou de R$ 29,00 à 45,00 – a embalagem de 200ml,  na versão líquida.

Um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ) verificou indícios de que a ingestão de óleo de coco aumenta o nível do colesterol bom. A pesquisa foi realizada para a dissertação de mestrado de Christine Erika Vogel, orientada pelas professoras-adjuntas Márcia Soares da Mota e Eliane Lopes Rosado, do setor de Nutrição Clínica do INJC e publicada no site da UFRJ.

“- A ideia da pesquisa surgiu do fato de a literatura científica apontar a importância da qualidade do lipídio ingerido como um adjuvante no tratamento dietoterápico da obesidade. Estudos prévios propuseram que os triglicerídeos de cadeia média (TCM), tipo de lipídio encontrado no óleo de coco, favorecem a perda de peso por induzirem o aumento do gasto energético basal e da termogênese induzida pela dieta” — esclarece Márcia Soares, em matéria publicada no site da UFRJ.

O estudo foi realizado da seguinte forma: vinte e nove homens, entre 20 e 59 anos, obesos de grau 1, participaram da pesquisa. O primeiro passo foi fazer exame de sangue para verificar os parâmetros bioquímicos — colesterol, insulina, glicose e lipídios. Também foram considerados: a massa corporal, os percentuais de massa magra e massa gorda.  Em seguida, os pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos. “Ambos fizeram uma dieta que consistia no consumo de pão branco, queijo cottage, creme cracker e suco industrializado. Porém, um grupo teve que ingerir 13g de óleo de coco extravirgem, enquanto o segundo ingeria a mesma quantidade de óleo de soja”,   explica Soares.

Posteriormente, os pesquisadores formularam uma dieta balanceada para os voluntários. No jantar, metade teria que consumir 13g de óleo de coco, como tempero, e a outra metade 13g de óleo de soja. Após 45 dias novos testes sanguíneos comprovaram as expectativas do estudo, evidenciando o aumento dos índices do colesterol HDL nos pacientes que utilizaram o óleo de coco, que ainda reduziu as taxas de glicemia – glicose em jejum – e a resistência à insulina, fatores positivos para prevenção e controle do diabetes, relatam os pesquisadores. Apesar dos resultados a professora Márcia Soares alerta: “ainda não se pode, a partir desses dados preliminares garantir uma recomendação populacional de uso do óleo de coco, pois há a necessidade de expandirmos o tempo de estudo e aumentarmos o número de voluntários, visando à confirmação dos efeitos benéficos.”

O alerta da pesquisadora é ratificado  e ampliado pela Dra, Luciana Spina, que em entrevista concedida ao Portal do Consumidor afirmou que: “O óleo de coco não dever ser usado como emagrecer. Óleo de coco é gordura saturada, e, em tese,  é uma gordura ruim.”

A Especialista Titulado em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia afirma que não há uma comprovação cientifica que esse óleo funcione e explica que os resultados positivos atribuídos ao produto não são verdadeiros. A médica nos relatou que em seu consultório alguns pacientes que usaram o óleo de coco  por conta própria não perderam peso e, em alguns, até tiveram aumento do LDL colesterol (conhecido como colesterol ruim), responsável pelo mecanismo de aterosclerose.

Ao perguntamos a Dra. Spina qual o conselho que ela daria para quem faz uso contínuo desse produto em busca dos benefícios à saúde. Ela é categórica: “Usar óleo de coco para emagrecer é um mito. Não existe comprovação científica desse benefício. O meu conselho é seguir uma dieta balanceada, praticar atividade física e consumir óleos ricos em ômega 3 que são benéficos para a saúde.”

Fica a dica!

A Dra Luciana Spina é Médica Endocrinologista com Doutorado e Mestrado em Endocrinologia pela UFRJ. Especialista Titulado em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. 

 

Fonte: https://portaldoconsumidor.wordpress.com
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