O descanso não traz felicidade
A Dra. Elizabeth Mokyr Horner, da Universidade da Califórnia, publicou um interessante estudo no Journal of Happiness Studies. Segundo a pesquisa, os homens, após se aposentarem, passam por alguns estágios psicológicos comuns a todos eles. E, aos 70 anos de idade, o índice de satisfação com a vida se estabiliza em um patamar inferior, independentemente da idade em que se aposentam.
Com a evolução da medicina, os humanos sobrevivem mais. Foram mais de 30 anos ganhos em pouco mais de um século. Hoje, não é raro encontrarmos indivíduos idosos trabalhando ou praticando exercícios, com condições plenas de saúde ou até centenários em plena atividade. Esse ganho na sobrevida aumentou muito a demanda de benefícios previdenciários e a utilização dos serviços públicos em geral, tornando deficitária a grande maioria dos programas de saúde e previdência no mundo.
A questão de quando devemos parar de trabalhar arde nos pensamentos das pessoas que estão chegando na idade para tal. A definição de “velho” também mudou, e a que mais se adequa hoje em dia é a de alguém duas ou três décadas a mais que a gente.
A pesquisadora analisou dados de mais de 18 mil homens entre 50 e 70 anos, aposentados ou próximos de se aposentar. Eles vivem em países da União Europeia e os entrevistou durante anos buscando saber o quão felizes estavam nos diferentes períodos de aposentadoria até atingirem os 70 anos.
O estudo revela que, logo após nos aposentarmos, o índice de satisfação com a vida e a sensação de bem-estar cresce rapidamente. Mas, após alguns meses, esse índice cai rapidamente e se estabiliza, até chegarmos aos 70 anos, independentemente da idade de aposentadoria.
A conclusão da pesquisadora é que se aposentar mais tarde apenas atrasa um ganho de qualidade de vida que na realidade é fugaz. Aposentar-se tardiamente não reduz o índice de satisfação com a vida e, portanto, pode ser uma opção para as pessoas que ainda se sentem produtivas e estão felizes no ambiente de trabalho. Para a autora, aposentar-se tem apenas um efeito “marginal” na felicidade das pessoas e aposentadoria tardia seria uma boa saída para os países endividados.
Dieta cara
Todos nós, médicos, elegemos a dieta do Mediterrâneo como a mais saudável e insistimos para que as pessoas no mundo todo a adotem, sem contudo, perceber que o custo dela pode torná-la inviável. É o que está acontecendo até lá mesmo, no Mediterrâneo. Um estudo da Universidade Católica de Compobasso na Itália e publicado no British Medical Journal, avaliou informações na dieta de 13 mil pessoas da região e se houve mudança nos seus hábitos alimentares desde 2005.
Os autores descobriram que as pessoas com menor renda trocaram a dieta do Mediterrâneo por uma dieta mais rica em carboidratos, o que provocou uma pandemia de obesidade nos países europeus. Segundo a pesquisadora Marialaura Bonaccio, 72% dos europeus mais ricos ainda permanecem se alimentando de maneira saudável e tem apenas 20% de obesos entre eles, enquanto 36% dos mais pobres padecem de obesidade. Para os autores, a queda do poder aquisitivo dos europeus deve ser a principal causa de obesidade entre eles.
Imagine o que pode acontecer no Brasil, onde a renda per capita da população não chega a um terço da dos europeus.
Por Rogério Tuma Fonte: Site da revista Carta Capital
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