Ainda é cedo para afirmar que bebê que nasceu com HIV foi curado
A notícia do bebê nascido com o vírus HIV cuja infecção foi controlada com antirretrovirais rodou por grandes veículos de comunicação no começo da semana de 04/03/2013. Embora o caso ocorrido no Mississippi, estado da região sudeste dos EUA, seja de extrema importância para os estudos que envolvem descobertas sobre a erradicação da infecção pelo HIV, principalmente entre as vítimas mais jovens, é prematuro afirmar que esse episódio específico mostra o caminho a seguir rumo à descoberta da cura da aids.
Apesar de esse ser o primeiro caso conhecido de um bebê que chega à chamada cura funcional, que consiste na remissão da infecção sem que seja necessário o uso de medicamentos durante toda a vida, comprovada com exames de sangue comuns que não demonstraram sinais de que o HIV esteja se replicando, não se pode afirmar que o bebê foi “curado”.
Segundo a infectologista Vivian Iida, do Hospital Sírio-Libanês, o fato de o vírus estar indetectável não significa que ele não esteja mais no corpo da criança. “Embora sua taxa de replicação esteja controlada, o vírus ainda está presente no organismo. Claro que esse é um passo muito importante nos estudos sobre a aids e indica que podemos futuramente encontrar a cura para o vírus.”
No caso do Mississippi, o sistema imunológico do bebê reagiu bem e os exames mostraram uma redução gradual da carga viral, até que ela se tornou indetectável 29 dias depois do parto. O bebê recebeu tratamento regular por 18 meses. São necessários mais exames para determinar se o tratamento teria o mesmo efeito em outras crianças.
Caso do Mississippi x Profilaxia pré-natal
Nas gestações típicas de mães soropositivas, as drogas para reduzir o risco de transmissão são administradas à mulher durante a gravidez. O bebê geralmente só recebe um medicamento ao nascer e não porta o vírus. “A mãe que está sendo tratada tem quantidades mínimas do vírus, por isso ela não o passa [para o bebê]. Agora, nesse caso do Mississippi, a criança acabou nascendo com o vírus”, completa Iida.
O diagnóstico de infecção por HIV da mãe saiu apenas quando a menina nasceu. Por descobrir tardiamente a soropositividade, ela não havia recebido tratamento pré-natal contra o vírus e o transmitiu para a criança. Com apenas 30 horas de vida, o bebê passou a receber o coquetel com três medicamentos para o combate ao HIV, antes mesmo que os exames de laboratório confirmassem a contaminação.
Os pesquisadores acreditam que o uso antecipado do tratamento antiviral provavelmente impediu a formação dos chamados “reservatórios virais”, que ficam dormentes e não são acessíveis aos medicamentos habituais. Esses reservatórios fazem com que a infecção volte a atacar pacientes que interrompem o tratamento, e são a razão pela qual a maioria dos soropositivos precisa tomar remédios pelo resto da vida.
Fonte: Site Dr. Dráuzio Varella
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