08/Ago – Dia Nacional de Combate ao Colesterol

08ago_CombateColesterolInstituído em 2002, pelo Governo Federal, o Dia Nacional de Controle do Colesterol, 08 de agosto, a data é destaque no calendário da Saúde porque as doenças do coração, seguidas do câncer são as duas maiores causas de morte natural no Brasil. “O colesterol alto não apresenta sintomas. O primeiro sintoma pode ser o ataque cardíaco, o derrame cerebral ou até mesmo a morte. Por isso, quem tem histórico de morte na família por infarto, doenças arterioscleróticas, é obeso, sedentário e alimenta-se ingerindo uma grande quantidade de gorduras saturadas tem mais chances de ter colesterol alto e sofrer de arteriosclerose”, alerta a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Centro Integrado de Terapia Nutricional, Citen.

É importante esclarecer que o colesterol, em si, não é uma doença. O colesterol é uma substância importante para a saúde, porque é usada na formação da membrana das células do corpo e de alguns hormônios. O colesterol é produzido pelo nosso organismo, mas também podemos ‘adquiri-lo’ por meio da ingestão de alimentos gordurosos. Segundo Ellen Paiva, a maior parte do colesterol é fabricada pelo próprio corpo, cerca de 70%, no fígado, enquanto 30% provêm da alimentação. “Existem pessoas que já nascem geneticamente predispostas a serem grandes produtoras dessa molécula. Se elas conseguissem eliminar todo o colesterol de suas dietas, ainda não resolveriam o problema do colesterol alto e precisariam de medicação para fazer este controle”, explica.

Dentre os muitos elementos envolvidos no controle do colesterol, o equilíbrio entre medicação, dieta e exercícios fazem toda a diferença na vida do paciente. A seguir, a diretora clínica do Citen fornece mais informações sobre a importância do controle do colesterol.

A partir de que idade o controle do colesterol deve passar a ser uma preocupação?

Ellen Paiva – Pessoas sadias sem nenhuma alteração precedente, nem história familiar da doença, sem parentes que tenham implantado pontes de safena, feito angioplastia ou sofrido infarto devem medir os níveis basais de colesterol aos 35, 40 anos. No entanto, pessoas com histórico familiar de doença aterosclerótica (os infartados, que já foram operados e os que fizeram angioplastia) precisam de análise precoce, entre os 15 e os 20 anos. A presença de obesidade já indica a dosagem do colesterol em qualquer idade, inclusive na infância.

Qual a diferença entre o colesterol ruim e o colesterol bom?

Ellen Paiva – Hoje, sabemos que o colesterol total é composto por várias frações: o HDL, o LDL e o VLDL colesterol. O HDL é o colesterol protetor, quer dizer, seus índices elevados se associam à mais baixa incidência de doenças cardiovasculares. Geralmente é geneticamente determinado, mas sofre influência positiva de todas as atitudes saudáveis como a prática de atividade física, a perda de peso, a interrupção do fumo. Infelizmente, ainda não temos medicamentos efetivos e seguros que aumentam os níveis de HDL. Atualmente, a indústria de medicamentos tem investido muito em pesquisas, à procura de uma droga com o potencial de elevar esse colesterol protetor. O LDL é a fração mais perigosa do colesterol. Ela é responsável pela formação das placas que obstruem as artérias e levam ao infarto ou ao derrame. É sobre essa fração do colesterol que agem as drogas mais potentes na prevenção dos acidentes vasculares, as estatinas. Essas drogas bloqueiam a produção endógena de colesterol e conseguem manter seus níveis sanguíneos bem baixos, como desejado nos pacientes de risco, como os diabéticos e naqueles que já apresentaram um evento cardiovascular anterior. O VLDL colesterol é uma fração calculada a partir da dosagem dos triglicérides. Logo, o VLDL é uma fração que revela os níveis de triglicérides mais do que os de colesterol.

Por que o colesterol alto é um inimigo da saúde?

Ellen Paiva – Os vilões da saúde, causadores da elevação das taxa de colesterol são os hábitos pouco saudáveis de alimentação. Mas o problema é quando o colesterol circula em excesso pelo organismo e acaba estacionando nas paredes das artérias, obstruindo-as, contribuindo assim, para o surgimento de uma doença conhecida por arteriosclerose. Existe também uma predisposição genética para a doença – que combinada com o fumo, o estresse, a vida sedentária e a pressão alta – pode levar à doença. As conseqüências da arteriosclerose são perigosas: ela pode causar invalidez precoce, infartos, derrames e pode levar o indivíduo a morte.

Existem sintomas evidentes que demonstram a alta da taxa do colesterol?

Ellen Paiva – Não, muitas vezes, o indivíduo só vai saber que tem a doença tarde demais, quando um vaso sangüíneo sofre obstrução. A má circulação do sangue, causada pelo acúmulo de gordura nas artérias, prejudica a oxigenação do organismo como um todo. Os sintomas dependem do órgão afetado pela obstrução da artéria. Daí, surgem os sintomas da isquemia como a angina, que é o prenúncio do infarto. Nos idosos, há alguns sinais que podem indicar o problema: perda de memória, falta de atenção, dormir e acordar enquanto está conversando, dor nas pernas ao andar.

Qual o tratamento indicado para a arteriosclerose?

Ellen Paiva – Existem remédios para controlar o colesterol alto, mas a arteriosclerose só melhora com uma mudança significativa no estilo de vida. O ideal é a prevenção. Reduzir o estresse, praticar exercícios físicos, interromper o fumo, manter a pressão arterial estável e o peso sob controle são fundamentais. As pessoas que tem diabetes devem ficar mais atentas para o surgimento da doença, pois neles ela é muito mais freqüente do que na população em geral.

E além da orientação nutricional, quais os medicamentos empregados para o controle do colesterol?

Ellen Paiva – A descoberta das estatinas revolucionou o tratamento medicamentoso do colesterol, pois, algumas vezes, a dieta não possibilita ao paciente o alcance de um perfil normal de gorduras no sangue, devido a alterações no seu organismo. Nesses casos específicos, só a dieta não basta. As drogas à base de estatina têm um efeito redutor do colesterol, além de benefícios reais na prevenção e no tratamento das placas de gordura, responsáveis pelo surgimento da arteriosclerose. Entretanto, devem ser utilizadas apenas com supervisão médica, pois apresentam contra-indicações e a possibilidade de efeitos colaterais sérios.

Quais as formas de prevenção à doença?

Ellen Paiva – Quem tem predisposição genética deve procurar manter hábitos de vida saudáveis, evitando o fumo, controlando o colesterol e a pressão. Somando-se a esses esforços, o paciente deve seguir uma dieta saudável para alcançar e manter o peso ideal e reduzir a taxa de colesterol.

É recomendável a eliminação completa das gorduras da alimentação para fazer o controle do colesterol?

Ellen Paiva – A gordura é a parte mais saborosa dos alimentos. Diferentemente do açúcar, que pode ser substituído pelos adoçantes, muitas vezes, sem alterar o sabor dos alimentos, a gordura não tem um substituto à altura. Sempre que reduzimos as gorduras de nossos alimentos, reduzimos também um pouco do sabor desses alimentos. Isso acontece com as carnes, molhos, sopas, cozidos e refogados. Mas vale a pena tentar trocar o bacon pelo alho, abusar da cebola e de alguns condimentos como o gengibre, trocar a maionese pelo queijo cottage ou pelo molho de iogurte. Podemos fazer muito para reduzir o colesterol da dieta, sem sacrificar o sabor das refeições.

Orientações nutricionais para controle do colesterol:

  1. Alterar todo o consumo de leite e derivados para as versões desnatadas. Na corrida da indústria alimentícia para atender a demanda de alimentos nutritivos, menos calóricos e com sabor agradável, o leite e seus derivados estão bem adiante. Os leites e iogurtes desnatados, os queijos magros e com baixo teor de colesterol, as margarinas sem gordura trans hidrogenadas e com adição de fitosteróis, as maioneses sem colesterol têm chegado ao mercado atendendo essa demanda de sabor e nutrição, com baixas calorias;
  2. Aumentar o consumo de fibras solúveis, uma vez que são benéficas ao metabolismo em geral e ao das gorduras, em especial;
  3. Reduzir o consumo de carne vermelha e de proteína animal, porque geralmente estes alimentos são consumidos acima das recomendações médicas (20% do valor calórico total ou em torno de 0,8-1,0g de proteína/kg/dia). O hábito do brasileiro de organizar um churrasco, a cada final de semana, faz das carnes vermelhas as grandes fontes de colesterol;
  4. Evitar o consumo de camarão, frutos do mar e vísceras como fígado;
  5. Diminuir o consumo dos ovos, pois uma gema de ovo de galinha contém, em média, 300mg de colesterol, quantidade máxima recomendada de ingesta de colesterol para um dia inteiro. Sorvetes, doces gordurosos e bolos que levam ovos e manteiga em suas receitas também são ricos em colesterol.

 

Fonte: Citen
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