Suplementação com ácido fólico é mandatória antes e durante a gestação, diz especialista
A orientação é clara: consumir 400 microgramas de ácido fólico por dia um mês antes de engravidar e durante os três primeiros meses de gestação. Dessa forma, a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) visa reduzir em até 85% o risco de malformação no tubo neural do feto — estrutura embrionária que dará origem ao sistema nervoso central do bebê.
Para as mulheres que apresentam alto risco de darem à luz a bebês com este problema — como pacientes com epilepsia ou que utilizam anticonvulsivantes — a dosagem de ácido fólico deve ser 10 vezes maior, ou seja, 4 miligramas.
O ginecologista e obstetra Dr. Eduardo Borges da Fonseca, presidente da Comissão Especializada em Medicina Fetal da Febrasgo, avisa que o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece a substância.
— Pelo SUS, a mulher vai tomar 40 gotas por dia de ácido fólico. Na rede privada, a substância é comercializada em forma de comprimido e o custo diário é de R$ 0,30. As duas versões são eficazes.
Anencefalia e outros problemas
A formação do sistema nervosa central ocorre entre o 17º e o 30º dia após a concepção e qualquer alteração no processo pode desencadear consequências graves ao bebê, segundo o Dr. Fonseca.
— O fechamento inadequado na parte superior do tubo neural provoca a anencefalia, doença que em 100% dos casos leva à morte. Já se a má formação ocorrer na parte inferior do tubo, o resultado é a espinha bífida aberta, que pode provocar paralisia de membros inferiores, incontinência urinária e intestinal e até diferentes graus de retardo mental e dificuldades de aprendizagem escolar.
No Brasil, a incidência da patologia atinge 10% dos bebês, ou seja, das 3 milhões de crianças nascidas, 3 mil apresentam algum defeito neural. O médico lembra que, embora a lei autorize o aborto de bebês anencéfalos, a regra não se aplica aos casos de espinha bífida.
— Neste caso, a criança terá que enfrentar inúmeros desafios ao longo da vida, dentre eles a própria inclusão social.
Com a adoção da diretriz, as mulheres brasileiras estarão em linha com as recomendações internacionais, inclusive do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
Prevenção
Não há maneira mais eficaz para evitar a má formação neural do que planejar a gravidez e seguir a recomendação dos 4 microgramas de ácido fólico antes e durante o primeiro trimestre de gestação. No entanto, dados da Fiocruz mostram que a maioria das mulheres (55%) engravida sem planejar.
— Geralmente, a mulher chega ao consultório sem saber que está grávida. Mesmo assim, se ela ainda não tiver ultrapassado o primeiro trimestre, deve tomar o ácido fólico.
Para chamar a atenção da classe médica e da população, a Febrasgo vai distribuir 30 mil guias nos consultórios da rede pública e privada, além de 3 milhões de panfletos informativos para a sociedade.
O que é ácido fólico?
O ácido fólico é uma vitamina do complexo B que atua no processo de multiplicação das células e na formação de proteínas estruturais da hemoglobina. Sua forma natural, o folato, pode ser encontrada em vegetais de folhas verde escuras, como couve, brócolis e espinafre, mas ele é mal absorvido pelo organismo. Por isso, a forma sintética (ácido fólico) é a alternativa mais eficaz e prática para a mulher.
Fonte: http://www.portaldoconsumidor.gov.br
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