Medicinas Tradicionais e Qualidade de Vida em Saúde

Lena Rodriguez

As medicinas tradicionais são definidas pela Organização Mundial da Saúde como a soma de conhecimentos, habilidades e práticas baseadas em teorias, crenças e experiências originais de diversas culturas usadas para a manutenção da saúde, bem como para a prevenção, diagnóstico ou tratamento das doenças físicas e mentais. O termo medicina complementar e alternativa é usado em alguns países com referência a modalidades de cuidados à saúde que não fazem parte da tradição do próprio país, e não estão integrados ao sistema dominante de atenção à saúde. (WHO, 2000).

Embora sua existência e uso perdurem há vários séculos, as medicinas tradicionais não tem seu reconhecimento oficial na maioria dos países.

De acordo com o “General Guidelines for Methodologies on Research and Evaluation of Traditional Medicine”, publicado pela Organização Mundial da Saúde em 2000, as terapias baseadas em conhecimentos tradicionais lançam mão de várias técnicas para promover a saúde, primariamente sem a inclusão do uso de medicamentos. Dentre elas incluem-se, por exemplo, a Acupuntura, a Osteopatia, as Terapias manuais, o Qigong, o Tai Chi, a Yoga, a Naturopatia, a Medicina Termal, a Terapia Floral e outras modalidades terapêuticas psicofísicas, que integram os aspectos físicos, mentais e espirituais do processo saúde-doença.

Segundo Minayo (1992), a partir de 1968, cresceram o número de publicações e congressos sobre ética médica que se unificavam na concepção de que a saúde deveria ser pensada como um bem estar integral físico, mental, social e espiritual e que as práticas holísticas devem ajudar as pessoas a desenvolver atitudes, disposições, hábitos que promovessem o seu bem-estar integral.

A Organização Mundial da Saúde e outros organismos internacionais, como a Comissão Independente sobre a População e Qualidade de Vida (ICPQL) passaram a defender, anos depois, a incorporação do que há de melhor das terapêuticas tradicionais e alternativas nos sistemas de saúde, principalmente ao nível dos cuidados primários à saúde.

De acordo com a ICPQL isto significaria a relativa desmedicalização da vida, através da adoção de estratégias inovadoras e menos dispendiosas, que poderiam contribuir para a promoção da qualidade de vida em saúde das populações.

A Terapia Floral

Segundo a Organização Mundial da Saúde existem na Grã-Bretanha três modalidades terapêuticas, incluídas entre as medicinas tradicionais da região europeia que se utilizam de diluições florais: a Vitaflorum, a exaltação das flores e a terapia floral.

A descoberta desta última é atribuída ao Dr. Edward Bach, médico inglês que, no início do século XX, estabeleceu seus fundamentos teóricos e filosóficos. Alguns autores, no entanto, fazem referência à utilização de flores para o equilíbrio físico e emocional por antigas civilizações. (GURUDAS, 1989).

Papiros egípcios já descreviam o uso de plantas para a cura de doenças, incluindo as flores como forma de tratar distúrbios afetivos. (BONTEMPO, 1998)

De acordo com Kaminski (2000), desde há milênios, as flores estão correlacionadas com a manifestação das emoções humanas. Os povos indígenas da América do Norte, por exemplo, acreditavam que as plantas eram mensageiras e mestres de outras dimensões.

Para os druidas, mestres da tradição celta, o visco e a árvore que o sustentava, o carvalho, eram considerados de grande poder de cura, sendo alvo de rituais e cerimônias religiosas. (BARROS, 2002).

Em outras culturas, como no Japão, uma forma altamente evoluída de meditação é chamada “ikebana”, arranjo de flores, quando colocado em um templo ou em outro espaço, invoca os altos seres espirituais e proporciona grandes curas.

Por milênios, as flores têm feito parte das festas e rituais sagrados dos seres humanos, proporcionando-lhes, assim uma sensação de bem-estar e felicidade, que, em última análise define o que é a qualidade de vida.

A Terapia Floral de Bach e a Medicina Psicossomática

Bach acreditava que as causas mais profundas das doenças deveriam ser buscadas na organização deficiente de determinadas funções do cérebro, a qual seria provocada por disposições negativas, tais como a inquietação, o medo, o choque ou a tensão. De acordo com Scheffer (1999), Bach formulara no início do século o que hoje é pesquisado na chamada Psiconeuroimunologia. Como referido anteriormente, os estudos nessa área tem demonstrado a influência dos sentimentos negativos sobre o sistema imunológico e neuroendócrino.

Mais recentemente, também a denominada “medicina psicossomática” 1 vem redescobrindo a ligação entre as emoções e a saúde.

A exemplo de Edward Bach, Dethlefsen e Dalke (1983), pesquisadores dessa área, defendem a ideia de que a doença e a saúde são conceitos singulares que se referem a um estado das pessoas e não a órgãos ou partes do corpo. Segundo esses autores, o corpo nunca está só doente ou só saudável, visto que nele se expressam realmente as informações da consciência. No corpo, as manifestações da consciência se tornam visíveis.

Estudos comprovam que os chamados estados perturbadores como a raiva, a depressão, o estresse, a supressão ou a negação da ansiedade podem estar intimamente associados a doenças cardíacas, ao câncer e outras patologias. O medo e a preocupação parecem exercer forte impacto sobre o sistema imunológico. Alguns estudos revelam a diminuição de linfócitos T e B em pessoas submetidas a um grande estresse. Técnicas de relaxamento e feedback, visando a indução de estados mentais positivos parecem induzir também o aparecimento de linfócitos T, reforçando o sistema imunológico de um modo geral. (GOLEMAN, 1999).

Siegel (1989) descreve casos de cura nos quais foram utilizadas técnicas capazes de induzir estados mentais positivos. Estes relatos desafiam a medicina ocidental, e por esta são insistentemente negadas.

Simonton, oncologista pioneiro na utilização da Psiconeuroimunologia na Simonton Cancer Center, na Califórnia, vem desenvolvendo há cerca de 20 anos um modelo de suporte emocional no tratamento de pacientes com câncer. Em sua clínica introduziu no tratamento de pacientes o conceito de que alguns “estados de alma” poderiam influenciar a habilidade de sobreviver à doença. Um estudo piloto, conduzido entre os anos de 1974 a 1981, demonstrou um aumento no tempo de sobrevida e melhora na qualidade de vida de pacientes tratados com práticas que incluem o relaxamento, meditação e visualizações. (CAPRA, 2000).

Décadas antes dessas pesquisas, Bach correlacionou a origem das doenças com os estados negativos da personalidade. A forma como as essências florais atuariam sobre esses estados emocionais, é poeticamente descrita por Bach da seguinte maneira:

Tais remédios, como a mais bela música, ou qualquer coisa gloriosamente exaltadora, podem elevar nossas verdadeiras naturezas, aproximando-nos de nossas almas e, através disso, trazer-nos paz e alívio para o nosso sofrimento….eles curam, não pelo ataque à doença, mas por inundar nossos corpos com as belas vibrações de nossa Natureza Superior, na presença da qual a doença derrete como a neve sob a luz do sol. (BACH, 1991, p. 53).

O termo psicossomático tem sido utilizado para denominar distúrbios sem uma base orgânica claramente definida.

Fonte: http://cuidebemdevoce.com/by-lena/tag/%20medicinas%20alternativas
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